MEU BARQUINHO

 

Estou precisando de um pote,

para levar isca na pescaria,

vou cavalgando, vou no trote,

hoje pesco, nem que seja enguia.

 

Lá ancorado tenho um bote,

cheinho dágua,está uma porcaria,

deixei amarrado com chicote,

num lugar que nenhum maluco ia.

 

Aquilo esta pior que levar calote,

acho que já esta com hemorragia,

qualquer besta dá no pinoti,

pior que cair dentro da olaria.

 

Mais esculhambado que um caixote,

só de ver já provoca correria,

nem acompanhado com sacerdote,

um louco nesse barco entraria.

 

Não entra lá nem a força um coiote,

sei que vai aprontar uma gritaria,

pra ver buracos, não precisa holofote,

ao ve lo ja falo, cruis credo, ave maria.

 

Com buracos maior que um decote,

mais furos que pneu em borracharia,

cheguei a ver um cão, meu mascote,

recusando entrar,saindo na correria.

 

Tenho coragem e sento no camarote,

e te falo, nem meu cabelo arrepia,

penso comigo, nem o Judas Iscarioti,

comigo nesse barquinho sentaria.

 

Se ruir, ficarei com a madeira no cangote,

mas nunca tive medo de arritimia,

sempre levo como remo, um serrote,

que já tem mensagem pra santa Luzia.

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 29/05/2024
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