A ESPERTEZA DO PEBA

Agora nesse versos

Contarei para vocês

Uma peleja arretada

Que escutei uma vez

Entre o pilantra do peba

Que era filho do marques

E o cangaceiro do tatu

Que demonstrava sua rapidez.

Nas bandas do candará

Um simples povoado

Morava um peba ladrão

Que era muito azogado

Ele era muito medroso

Sempre estava armando

Mas nunca matou ninguém

O seu apelido era cagado.

O tatu cangaceiro

Temenido em toda região

Ouviu falar de um peba

Que era metido a inrolão

Ele ficou interessado

Logo nessa região

Pois ele gostava de tirar a moral

Dos bichos metido a valentão.

Chegou no ouvido do peba

Que ele estava sendo procurado

Foi se esconder no bar do tiú

Mas foi logo rejeitado

Foi se esconder na casa do gambá

Mas o fedor não o deixou confortável

Então ele entendeu

Que seu destino já estava traçado.

Não demorou muito

E o encontro estava marcado

Na praça da andorinha

O estrago ia ser pesado

Juntou toda a região

O circo estava armando

O embate entre os dois

Ia ser muito loitado.

Os dois já apostos

Não tinha como fugir

O paba não via escapação

Só o que restava era mentir

Olhou para o tatu e disse

Tu é filho do Valdir?

Escutando o tatu paralisou

E o peba veio a repetir.

Tu é filho do Valdir?

Ele é meu parente

Por parte da tua tia

Que tinha um dente

Que era avó do açougueiro

Do pai do tenente

E que eu saiba

O tatu não mata parente.

O tatu confuso,

Com toda essa enrolada

Aquele era o nome de seu pai

Mas dessa turma ele não lembrava

Na dúvida ele não poderia

Matar alguém da sua parentada

Já que família é uma coisa

Que deve ser respeitada.

O tatu olhou para o peba

E disse com precisão

Tu só não morreu hoje

Por eu respeitar a tradição

Mas se não fosse por isso

Tu estava a sete palmo do chão

O peba logo correu

Para outra região.

Um dia o tatu

Começou a refletir

E percebeu logo mentira

Que veio a cair

O seu pai era filho único

Uma tia não podia existir

O tatu era burro

E peba esperto em mentir.