Poema do fantasma

Poema do fantasma (José Carlos de Bom Sucesso)

À meia noite, o fantasma escreveu

E o poeta leu:

“Há tempos morri e fui assassinado

De meu crime, o Judiciário ficou calado.

Deixei na miséria minha família,

Mas o padre rezou para mim, na homilia...

Queria ir direto para o céu,

Porém não tinha o véu...

Vaguei pelo inferno à fora

Porque ainda não chegou minha hora...

Vivo vagando na estrada

Para conversar com algum amigo camarada.

Todos, de mim, têm medo

Que tremem até do pé, o dedo...

Vago pelo cafezal

E me sinto como o pardal,

Que voa de galho em galho.

Assusto o jogador de baralho

Saindo do jogo na madrugada.

Debaixo da árvore, ele faz sua parada...

Assusto o vagueiro

Lá na fazenda do Barreiro...

Olha que fui poeta

Escrevi até para o “Capeta”,

Mas ele não quis ler meu poema

Achando a cultura muito extrema...

Então, vou embora

Para lhe assustar em outra hora.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 05/05/2024
Código do texto: T8056482
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