TRIBUTO A UM CAGÃO
TRIBUTO A UM CAGÃO
Carlos Roberto Martins de Souza
Cagar é a primeira arte da vida do sujeito
Quando vem ao mundo já solta a merda
Para anunciar sua chegada estufa o peito
Na mesa de parto o título de cagão já herda
Por muito tempo vai fazer as suas cagadas
E a pobre branca fralda é que paga o preço
Vai sentir na pele o peso das sujas pegadas
Deixadas pelo cagão num nojento adereço
Terá ele o mesmo cortejo por alguns anos
Até aprender que cagar é mais confortável
Sentado no trono como o rei dos humanos
Vai poluir seu vaso numa relação amigável
Cagar será parte da sua jornada no mundo
Serão momentos de prazer quiçá de agonia
Vai depender do produto expulso no fundo
Da mais nobre e usada porta da moradia
Você ficará indefeso como animal acuado
Precisará mostrar o seu espírito guerreiro
Ou sairá do trono completamente cagado
Acompanhado pelo seu miserável cheiro
Serão momentos de sussurros e suspiros
Muitas vezes causando aquela apreensão
Se vem um biscoito ou em forma de tiros
Certo é que não provoca aquela emoção
Entre revoltas e trovoadas a coisa aperta
O tempo de fezes chega vem de surpresa
A merda nem sempre avisa seu o estado
As vezes te deixa confuso e desesperado
Afinal cagar é uma grande aventura na vida
Principalmente se vem com cólica intestinal
Neste caso o tempo será sua maior torcida
Para livrar você daquele momento infernal
E vai começar uma sessão de descarrego
É hora de você assinar a carta de alforria
O tempo corre não adianta trancar o rego
Não imagine ser cagar uma grande alegria
Quando a barriga estufa e contrai o bucho
Nem sempre dá tempo de baixar as calças
Resta encarar aquele esguicho do repuxo
Deixando na cueca notícias que são falsas
Veio apenas o leitoso melado com perfume
Avisando que será uma grande tempestade
Vai ser aquela enchente de muito estrume
Deixando no ar o nobre odor de fatalidade
Cagão você merece este verso em prosa
Aqui jazem os restos mortais deste olímpico
Seu tolete que lutou de forma muito penosa
Para sair do orifício anal com muito afinco