PARÓDIAS E VERSOS APARENTEMENTE APARTIDÁRIOS* - II
E AGORA, JÁ IR?
Paródia ao poema “José”,
de Carlos Drummond de Andrade
E agora, Já ir?
A vacina acabou,
a esperança finou,
o povo sucumbiu,
a noite impediu
o riso de alegria.
Já ir, você nos traiu,
E agora, Já ir?
e agora, você?
Você que não tem sabedoria,
que zomba dos outros,
você que faz bravatas,
xinga, protesta,
e agora, Já ir?
Está sem suporte,
está sem discurso,
está sem carinho,
dos que em ti confiaram.
Já não pode passear,
sua motocicleta pifou,
seu pastel já murchou,
seu café esfriou,
seu boteco fechou.
A Covaxin só fraudou,
a Pfizer demorou,
a Astrazeneca sequer disse a que veio.
Onde estão a esperança e o riso?
Só veio a utopia
e tudo quase acabou.
A esperança fugiu,
o sonho mofou,
quase fiquei sem vacina,
cadê as doses da quarta e da quinta?
E agora, Já ir?
E agora, Já ir?
Sua chula palavra,
seu delírio constante,
sua absurda teimosia,
sua insana tirania,
seu bando de acólitos,
em submissas hosanas
à sua incoerência,
seu gabinete do ódio
e agora, Já ir?
E agora, Já ir?
Com o arrependimento na alma
quer comprar a vacina,
não mais existe vacina;
quer atravessar o mar,
mas o mar secou;
quer ir para o Rio,
O Rio de Janeiro não há mais.
Já ir, e agora?
Se você escutasse,
se você concordasse,
se você se tocasse,
que esse vírus maldito
“gripezinha” não era,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, Já ir!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
em terrível agonia,
vendo o povo sofrer
sem poder se en(in)tubar,
sem leito de UTI,
você unicamente deseja
se eleito outra vez.
Mas você marcha, Já ir!
Já ir, para onde?