TOCO DE ENCHENTE

 

 

Sempre que a gente

Está com pressa, a mulher

Vira toco de enchente.

Enrosca em todo lugar

Acha amiga e parente

E fica horas a conversar.

 

Parece até caso pensado

Somente para encher o saco

Ou só deixar você irritado.

Mas a verdade é sempre essa;

Ela quer dar mais um pitaco

Justo quando temos pressa.

 

Fofocou pela noite afora,

Mas as coisas que quer falar

Ela deixa para a última hora.

Até com quem nunca deu liga

Ela tem segredo para contar

Como se fosse muito amiga.

 

E enquanto rola a fofoca

Você espera, calmamente

Com aquela cara de boboca.

Se você puxa ela pelo braço

Ela vem, mas subitamente

Para só para mais um abraço.

 

A amiga ela acabou de conhecer

Mas não mais que de repente

Por motivos não confessados

Tornou-se merecedora de saber

Muitos segredos apimentados

Que não compartilha com você.

 

Assim, meu caro, aprenda esta:

Se você não for muito paciente

Não leve sua mulher em festa

Onde se ajunta muita gente.

Porque na hora de ir embora

Ela sempre se esquece da hora.

 

E vira um toco de enchente

Que a muito custo desenrosca;

E se você não for paciente

Nunca diga que não gosta,

Pois se nessa noite tiver vontade

Vai dormir na necessidade.

 

Mulher é um bicho complicado;

É muito mais difícil pilotá-las

Do que a um avião sofisticado.

Como elas não vêm com manual

Para a gente nunca se dar mal

O único recurso é amá-las,

E amá-las, e amá-las...