VIAJANDO NA MANGUAÇA
VIAJANDO NA MANGUAÇA
Carlos Roberto Martins de Souza
Na química analítica carbamato de etila
No balcão do bar ganhou nome popular
Ele esvazia o bolso mas dilata a pupila
Escraviza o sujeito faz dele um vulgar
Nunca diga que desta água não beberei
Pois dizem ser o álcool o Gelo da alma
Ele pode incendiar um palácio de um rei
Deixar de fogo o homem na sua calma
Marvada pinga pinga marvada e quente
Cachaça pura, branquinha aguardente
Seria quase um acidente isto é evidente
Pois faz do homem um inconsequente
Desce pinga marvada, desce sem parar
Por esse meu nobre buraco sem fim
Lá em baixo você não vai encontrar
Nem figo, baço e muito menos meu rim
Você é água do capeta a lágrima vertida
O ombro do chifrudo travesseiro amigo
Sangue do satanás é a caninha da vida
A culpada por toda a sorte de perigo
Tem a Amansa Corno e a Nabundinha
Tem até a Mijo de Viado e a Tatuzinho
Lançada por idiotas tem uma novinha
A tal Cachaça Cloropinga do Bozinho
Dizem que sou cachaceiro e não sou
Cachaceiro é que fabrica a cachaça
Sou apenas consumidor que brindou
Que tomou a boa pinga fora da taça
Dizem que pinga é amiga do homem
Não seria prudente crer neste ditado
Cana na roça dá pinga todos sabem
Pinga na cidade dá cana pro coitado
Quem bebe pinga demais tem gota
Gota demais dá inchaço nas juntas
Para o pinguço a pinga é uma douta
Pois responde à todas as perguntas
No pingometrô desta vida fui multado
Excedi a capacidade dele de registro
Bebi tanto que o meu fígado coitado
É o recordista em número de sinistro
Dizem que é boa pra curar o tédio
Que o amigo quer sempre tá junto
Tomar no copo pequeno ou no médio
Numa rodada nunca falta assunto
Ele pode até lhe servir de remédio
Ou quem sabe um levanta defunto
Certo é que a tal pinga afasta o tédio
Mas um dia vai te fazer um defunto
Na Ilha das Garrafas pinguço se afoga
No mar dos copos cheios se entrega
A marvada é a sua amiga e nutróloga
No sono etílico o pobre coitado navega