DEFECAR OU CAGAR?

A mãe disse que é cagar

O pediatra falou defecar

A fixação teimosa: cagar

Ninguém venceu: desatar

Logo após, falou baixinho

O meu filho é mirradinho

Arria um kilo bem fininho

Está parecido um ratinho

Então o médico retrucou

Até porque não acreditou

Um kilo e não se acabou?

No trono ele não defecou

A mãe indignada insistiu

Penso que o doutor caiu

O meu filho caga, ouviu?

E exasperada, ela partiu

Marco Antônio Abreu Florentino

Nota: Parece piada mas o diálogo realmente aconteceu num atendimento médico na emergência de um hospital em plena madrugada.

MINI CONTO PUBLICADO EM 11/07/2015:

OSSOS DO OFÍCIO

Era uma quinta feira à noite num hospital pediátrico particular na cidade de Fortaleza, no bairro do Montese. O pediatra de plantão, profissional antigo e acostumado às demandas da emergência nos infantes seres humanos, estava nesta noite, em particular, extremamente fatigado, pois não tinha conseguido a devida recuperação das suas atividades laborais do dia.

Exatamente às três horas da madrugada, a técnica em enfermagem bate à sua porta: toc toc toc... doutor, paciente. O médico, que usualmente não dormia no plantão, parecia estar ouvindo à distância tal chamado. Não queria acreditar que àquela hora alguma criança estaria necessitada de atendimento. Num esforço descomunal se levantou e torcendo para que fosse uma emergência que justificasse o sacrifício, foi atender ao chamado.

A partir de agora, transcrevo o diálogo exatamente como se passou:

Pediatra: Pois não senhora...

Mãe: ¨Dotor, meu filho não quer cagar¨...

Pediatra: A senhora quer dizer que ele não consegue defecar?

Mãe: ¨Não dotor, é cagar mesmo¨...

Pediatra: Minha senhora, a palavra correta é evacuar...

Mãe: ¨Dotor, conheço meu filho e o cu dele... é cagar MESMO¨...

Pediatra: Tá certo senhora, não vou discutir às três horas da manhã coisas de cu e cagar, mas pelo menos me responda, a quanto tempo ele não quer ... (e sem jeito pra falar a palavra cagar, interrogou com a palavra obrar).

Mãe: ¨O senhor é doido dotor? Já disse que não é defecar ou evacuar, muito menos obrar... É CAGAR, ESTÁ OUVINDO BEM? CAAAGGAAAARRR¨...

E com essa bronca, a mãe foi embora indignada.

Três dias depois, num plantão de domingo indolente, no Hospital Municipal de Caucaia, pertencente à grande Fortaleza e referência na região, exatamente às três horas da tarde, de sol a pique, uma consulta:

Pediatra: Pois não senhora...

Mãe: ¨Dotorzinho, meu filho é tão maguim, o senhor pode vê, ele só tem um ano, mas é tão poquim... só que dotor, ele caga tanto, parece gente grande, acho que ele chega a cagar dois quilos de bosta por dia...

Pediatra: Ô minha senhora, por favor, seu filho é gente, não é gado pra evacuar bosta, ele evacua fezes...

Mãe: ¨Dotorzinho, é bosta mesmo e muita, mas ele é tão maguim... o senhor não pode passar um estimulante de apetite pra ele?

Pediatra: (contendo a vontade de rir) Minha senhora, se eu passar um estimulante de apetite, ele vai comer mais e passar a cagar cinco quilos de bosta...

Mãe: Nãm, ai nãm... então deixa pra lá.

Marco Antônio Abreu Florentino

https://youtu.be/ZBDJiIYICz4?list=RDZBDJiIYICz4

(O pinico - Neo Pi Neo)