Liberdade
Ouvi a confusão, olhei para trás,
era um cão que corria de um policial que o perseguia.
Bem ali na Praça XV perto dos barcos, a multidão se agitou, paus pedras, balde de peixe, até o verdureiro se preparou.
Com linguiça na boca o vadio se punha a correr, em seu encalço à Lei. Esperei passar, chutei como um capoeira.
Raspou-lhe a cara e o bigode, meu sapato caiu no mar, ah, logo agora que eu comecei a usar!
Mas, um capoeira não dá um chute só, logo atrás vem uma rasteira, essa o fez cair como uma bananeira.
Rolou para dentro da multidão, tomou cassetadas, chutes e lapada de facão. Sujo de tripa de peixe, pauladas levou um feixe.
No meio da multidão eu tentava chegar ao mar para o meu sapato pegar, eu sorria de alegria com a minha alforria.
Enquanto um pescador jogava o sapato de volta, aproveitei para dar mais uma banda no guarda que caiu de banda.
O cão? A essa altura já subia à ladeira da Misericórdia com a corda de linguiça na boca depois de tanta aflição.