Liberdade

Ouvi a confusão, olhei para trás,

era um cão que corria de um policial que o perseguia.

Bem ali na Praça XV perto dos barcos, a multidão se agitou, paus pedras, balde de peixe, até o verdureiro se preparou.

Com linguiça na boca o vadio se punha a correr, em seu encalço à Lei. Esperei passar, chutei como um capoeira.

Raspou-lhe a cara e o bigode, meu sapato caiu no mar, ah, logo agora que eu comecei a usar!

Mas, um capoeira não dá um chute só, logo atrás vem uma rasteira, essa o fez cair como uma bananeira.

Rolou para dentro da multidão, tomou cassetadas, chutes e lapada de facão. Sujo de tripa de peixe, pauladas levou um feixe.

No meio da multidão eu tentava chegar ao mar para o meu sapato pegar, eu sorria de alegria com a minha alforria.

Enquanto um pescador jogava o sapato de volta, aproveitei para dar mais uma banda no guarda que caiu de banda.

O cão? A essa altura já subia à ladeira da Misericórdia com a corda de linguiça na boca depois de tanta aflição.

Fabrício Fagundes
Enviado por Fabrício Fagundes em 04/09/2023
Reeditado em 05/09/2023
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