"Jantar à Luz de Velas" = Humor=

Nós dois jantamos à luz de velas

Pois me cortaram a eletricidade

Mas fechamos antes as janelas

Para preservar nossa intimidade

Dividimos uma só latinha de atum

Da boa maionese, a última colher

Coube um pouquinho a cada um

“Tô satisfeito. Você ainda quer?”

“Obrigado, querido. Já tô cheia...”

Meu Deus, quanta elegância

Naquela moça nada, nada feia!

Em quem nada havia de ganância

Dividindo comigo a modesta ceia

“Bebe alguma coisa, menina?”

“Obrigada, Coca me dá gases...

Se tiver, aceito uma Tubaína.”

Tinha. Estava numa das más fases

“Adoro Tubaína com pinga, amor.

É um drinque de sucesso que inventei

Ele dá lá no fiofó um certo ardor

Mas só com um litro me embriaguei

Champanhe é amarga, coisa de rico

Que bebe fingindo que gosta

Eu, que não gosto, até implico:

Como podem gostar dessa bosta?”

Moça fina, elegante, direta e franca

Do jeito que eu cá sempre desejei

Defeito? Um só: dizia que era branca

(Marrom-escuro da memória deletei?)

Higiênica ao extremo, isso lá ela era

Cuidava dos dentes d’um modo infernal

Como se houvesse comido como uma fera

Usou, ainda à mesa, o seu fio-dental

“Odeio gente mal educada, de dente sujo

Que abre a boca e sai aquele fedor

Se quiser trepar comigo, eu até fujo

Escovar os dentes não é nenhum favor...”

Moça fina, elegante, de boas maneiras

Levei pro meu mocó naquela madrugada

Não, ela não era uma qualquer, das rameiras

E me cobrou só “cincão” pela trepada...

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 21/12/2007
Reeditado em 21/12/2007
Código do texto: T787231
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