POETA NÃO É CULPADO
Autor: Valdir Loureiro
Se eu for poeta e tiver um amor
que sinta ciúme da minha poesia,
serei um juazeiro que nasce e não cria
o fruto inerente ao seu caule e vigor.
Também não sustento o perfume da flor
com um destempero da musa ciumenta:
é como eu tomar uma água barrenta
para interromper o fluxo criativo.
Quando eu interpreto, não transmito ao vivo
algum sentimento que me ocorreu,
sendo um mensageiro do que não é meu.
Se eu for usado por musa encostada,
portador assim não merece pancada:
a culpa é da fonte que me antecedeu.
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Nota do Autor: os versos acima são 14 hendecassílabos ritmados com rimas intercaladas abba accd dee ffe organizados na estrutura de um soneto italiano (2 quartetos e 2 tercetos).