PEIDO! NÃO NEGO

PEIDO! NÃO NEGO

Carlos Roberto Martins de Souza

Eu fui convidado por um grande amigo

Para um final de semana numa fazenda

Era uma festança bem no modelo antigo

Como sempre foi feita por encomenda

Eram pratos convidativos e saborosos

E o comer ou não comer era a questão

Era muita gente e todos muito ansiosos

Restava provar depois trancar o butão

Sentei à mesa sem vergonha nenhuma

Comi do bom e do melhor da festança

Provei de tudo que na barriga avoluma

E sem perceber eu enchi minha pança

Quando o peido tentou fugir logo tranquei

Nem uma agulha passava no meu buraco

Bateu uma aflição o desespero que fiquei

Era muita pressão em baixo do meu saco

Estava vivendo aquele memento mágico

Numa visita a um bom homem do campo

Aliviei o bucho naquele meu peido trágico

Foi tão brilhante que fez luz qual pirilampo

Precisava liberar as porteiras intestinais

Mas o local não era aquele mais adequado

Fiz um exercício com contorções infernais

Mas não saiu como eu havia programado

Quando aquele peido poderoso escapou

Causou um grande tumulto um alvoroço

Não deu para segurar a coisa complicou

Era mistura da janta com aquele almoço

A indesejada diarréia veio atrás do pum

Foi difícil na hora dura daquele sufoco

Ouvia-se de longe um total zum zum zum

Eles queriam saber de quem era o reboco

Almoço lá na roça é um troço que vai bem Até alguém soltar aquele peido silencioso Daqueles que faz os olhos lacrimejarem

Mostrando que o clima é bem tenebroso

O peidar é um belo ato de extrema bravura

O desgraçado te só avisa já de última hora

Há peidos que são caminho da Sepultura

Uns vem em forma de estrondosa sonora

Peidar para muitos é uma grande benção

Quase um estrupo de narinas distraídas

Peido é o atestado médico de combustão

Na luta de tripas pelas bostas obstruídas

De repente aquele cheiro começa a subir

Mas não era o cheiro qualquer de ensaios

Na escala Richter vem aqueles que a fugir

Causam até cegueira náuseas e desmaios

Mas um peido pode muita coisa ensinar

Pode ser um ato de coragem para alguns De libertação ou um simples ato de aliviar

É desespero para muitos os tristes puns

Quem dera fosse o nobre peido um amigo

Aquilo que há de mais nobre dentro de nós

No entanto peidar é mesmo um perigo

Melhor mesmo tentar seria fazer isto a sós

Não há ninguém para saber de verdade

O valor moral que aquele meu peido tem

Embora já virando a página final da idade

Eu sei que peidar pode fazer muito bem

Mas o peidorreiro mais nojento que existe

É aquele desastrado que mesmo na festa

Com muita gente ao lado ele não desiste

Peida sai borrado num enorme papelão

Peido e agua no copo não nego a ninguém

A fenda da bunda é democrática demais

Na fila eu faço mistério procurando alguém

Um nariz bom nas suas técnicas nasais

Tem o disparo de canhão e tem o traque

Tem o silencioso tem o traidor demolidor

Tem quem na arte de peidar é um craque

Vive de espalhar do peido o seu fedor

Tem o tal Poderoso Chefão tem o Chaves

O primeiro faz gente correr e se esconder

O outro sem querer querendo são suaves

Ambos causam problemas e nos faz sofrer

O peido é um gás preso foragido da prisão

Onde só ele sabe como é a vida lá dentro

Não será recapturado vai causar confusão

Como fujão vai desaparece com o vento

A propósito estou saindo de perto de mim

Acabei de perceber que o prisioneiro fugiu

Sei que ele não será recapturado e assim

Vou ter que trocar a cueca que ele tingiu

Carlos RMS
Enviado por Carlos RMS em 25/06/2023
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