O destino o que é senão um embriagado conduzido por um cego? Mia Couto
A sátira do destino
O ébrio, a fazer curva em linha reta,
Não conseguiu chegar ao seu destino.
Guiavam-lhe um cego, um canino,
Um padre, um rabino e um poeta.
O canino a farejar sua desgraça.
O padre a fazer frente ao rabino.
O cego, que ficou cego inda menino,
A encher o poeta de cachaça.
E vão seguindo enquanto a vida passa...
E vão passando enquanto existe graça...
Em fazer curva sobre a linha reta.
Como o destino é dúvida divina,
O cego sai de cena, na surdina,
E deixa deus por conta do poeta.