A QUEDA
Não existe mico no mundo
Pior do que uma queda.
Quem já sofreu sabe disso
É uma situação "azeda",
O homem fica sem graça
E a mulher diz: arreda!
Quem é gordo, cai e rola
Tal qual uma melancia!
Quem é magro, pode até
Quebrar o osso da bacia.
Se for magro, se levanta;
Se for gordo, se extasia!
Um amigo meu, magricela,
Essa é só pra contrariar:
Escorregou num tapete
Da porta e pôs-se a rolar,
Foi parar no meio da rua
Faltou um carro o pegar!
Existe a mulher esperta
Que cai e não faz chiado:
- Você viu a tal ligeireza?
Pergunta a quem vê ao lado:
-Vi, mas só que não sabia
Que o nome tinha mudado!
Tem, oh! a queda do poeta
Que cai e amassa o terno,
Não perde a linha poética
E diz em um tom fraterno:
- Se não fosse o chão, agora
Eu já estaria no inferno!
Existe a queda do bêbado,
Meu Deus, que queda fatal!
Cai de frente, cai de costas,
De lado e, assim, na vertical,
Mas, nunca vi tanta sorte,
Não quebra um osso, afinal!
Tem a do cabeça-dura,
Não sei se você já ouviu:
Caiu do terceiro andar,
De ponta, e sem desvio
Levantou-se e disse: graças!
Esse concreto é macio!
A pior queda que existe
É a queda dos salários,
Pois definha qualquer um
Que foi na vida operário,
Dedicando, ih! a sua vida
Pra dar lucro a empresário.
Autor: José Rosendo, Nazarezinho-PB, 22/11/06.