Aleatório

Não há mal que traga o bem

Não há bem que traga o mal

Pois em casa de espeto

O ferreiro é que é de pau

Água dura em pedra mole

Quando cai de gole em gole

Faz um buraco no meio

Se Davi não esquivasse

Da lança naquele impasse

Era atingido em cheio

Em cima daquela serra

Tem um pé de qualquer cousa

Adobe pra fazer sala

Cimento pra fazer lousa

Agência de aprendizagem

Escola de pilantragem

Do Centrão, PT, PL

Sindicato dizimista

E salão de esteticista

Para a limpeza de pele

Sansão não sentia bem

No ano-novo judaico

Exigia que o estado

Fosse estritamente laico

Só ficou mais relaxado

Quando então foi sorteado

Com um corte de cabelo

No salão da velha Vila

Era plano de Dalila

Não deixá-lo nenhum pelo

José vendeu dois carneiros

Pra festa de pentecoste

Comprou talit da chanel

E um quipá da lacoste

Quis beber da licoreira

Pôs a mão na algibeira

Não achou um tostão furado

Fez acordo com o copeiro

Que lhe vendeu um isqueiro

E um corote fiado

No sertão do Arizona

Se não me engano agora

Parece que se chamava

De deserto de Sonora

Havia um povo hippie

Que não pegava nem gripe

Por causa de um amuleto

Em uma bolsa de couro

Pé de lebre, flor de louro

Dois garrancho e um graveto.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 06/01/2023
Reeditado em 25/06/2024
Código do texto: T7688455
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