A bosta em poesia

De tolete em tolete, a poesia

Constrói uma montanha circinada,

Enquanto a musa inunda a privada,

E o flato dá o tom à melodia.

 

Quando um poeta caga, a musa amada

Derrama, debruçada na janela,

O pranto de paixão que o cu revela,

E que orvalha bosta na calçada.

 

Peço desculpa ao puro e ao pudico,

Por só ter rima pobre pra penico

E não ter rima rica pros cagões.

 

Me desculpem as musas, todas elas,

Que cagaram no chão das caravelas,

E cegaram um olho de Camões.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 06/01/2023
Reeditado em 06/01/2023
Código do texto: T7688323
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