À República de Platão
Platão, grande Platão, te admiro
Pela filosofia concebida.
Ainda que, à mesa, a bebida
Atraia mas que sangue pra vampiro.
Platão eu digo aqui, do meu retiro,
Da praça da República em Sampa,
Depois do abridor sacar a tampa
Do vinho envelhecido que prefiro:
—Não há filosofia que resista
Ao barulho da broca do dentista,
A penetrar na cárie e no canal.
Só mesmo a Megera, a mãe do cão,
Que leu a vasta obra de Platão,
Consegue entendê-lo, inda que mal.