Não adianta desperdiçar sofrimento Por quem não merece É como escrever poemas no papel higiênico E limpar o cu Com os sentimentos mais nobres.
Cazuza

Purgatório do verso

De nalgas na privada, ora escrevo

Um verso de amor e poesia,

Enquanto a descarga rodopia,

Como sombrinhas a dançar um frevo.

 

Um rolo de papel ao pé da pia,

Me serve, humildemente, de caderno.

Eu rogo inspiração ao pai eterno,

Enquanto o intestino se esvazia.

 

Escrevo o que me vem ao pensamento:

Um versinho roliço e fedorento,

Que se afoga aos poucos na comua.

 

Por que fui ser poeta? Me pergunto!

Talvez pra que eu possa manter junto

O barro de minh'alma com a sua.

Herculano Alencar
Enviado por Herculano Alencar em 31/10/2022
Reeditado em 31/10/2022
Código do texto: T7640068
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