Não adianta desperdiçar sofrimento Por quem não merece É como escrever poemas no papel higiênico E limpar o cu Com os sentimentos mais nobres.
Cazuza
Purgatório do verso
De nalgas na privada, ora escrevo
Um verso de amor e poesia,
Enquanto a descarga rodopia,
Como sombrinhas a dançar um frevo.
Um rolo de papel ao pé da pia,
Me serve, humildemente, de caderno.
Eu rogo inspiração ao pai eterno,
Enquanto o intestino se esvazia.
Escrevo o que me vem ao pensamento:
Um versinho roliço e fedorento,
Que se afoga aos poucos na comua.
Por que fui ser poeta? Me pergunto!
Talvez pra que eu possa manter junto
O barro de minh'alma com a sua.