A JANELA
"A JANELA"
"Vinha caminhando a passos largos
Caminhando
Caminhando...
Me aproximando do teu sobrado
Era tarde da noite, e eu, então, digamos
Um pouco alcoolizado
Nem tanto, nem pouco
Um pouco apenas
Vinha cantarolando ou balbuciando, nem sei
Música boa para os meus ouvidos
Foi quando vi tua janela, de persianas abertas e vidros fechados
Dei um passo e quase caí sentado no passeio
Tarde da noite, loucas horas
E o meu coração tristonho se alegrou
Foi quando vi um punhado de pedriscos na minha mão...
E quando dei por mim, resolvi, num decreto, mandar para longe a solidão
A primeira pedra desviou num muro e acertou a hera
Na segunda pensei: 'Veja se agora não erra!'
Então com um pequeno toque, acertei em cheio a vidraça
E quando dei por mim, um vulto se aproximou, abrindo a janela
Coração disparado pensei:
'Eras tu, a mais linda, a mais bela...
Mas que susto! Mandei sebos nas canelas...
O sogro lívido como um furacão, janela errada e eu imprecando com os meus botões
Passei a correr, pensando em voz alta, com o coração na mão
'Na sua rua eu juro, nunca mais eu passo não!'"
*A janela*
By Julio Cesar Mauro
15/01/2019