Com a palavra o Sutiã
Com meias taças as vezes suspensas por trança,
Foi assim que nestes 91 anos te acolhi,
Proporcionando conforto e um pouco de segurança
Para que importantes missões consigas cumprir.
Se por natureza belo és, pouco adianta.
Tua dona, tal como incansável Narciso,
Não se contenta, apalpa-te e reclama
Desejando-te menor, maior ou mais erguido.
E tú, paciente, rezas para ficar comigo,
Na esperança de não ser mais mexido.
Peito, sou teu amigo, e por isso sou um verdadeiro amigo do peito.
Nos shows e baladas p'ra mim não tem jeito.
Sou puxado, amassado e por vezes rasgado porque tú és a atração.
Nesses momentos, as vezes sinto-me o tal,
Pois num delírio de loucura e paixão sem igual,
Tua dona arranca-me e ao ídolo me joga,
Como se eu fosse tu, o coração dela, ou o teu mal.
Orgulho-me deste tão próximo contato contigo,
Quando testemunho a vida sugada no teu bico,
E embora não te dando o prazer da mão que te arrepia,
Muito útil é o meu pegar pois sei que, um dia,
À Lei da Gravidade não irás mais resistir.