Me desculpe, mas odeio insetos


Amanhã será igual...

A vida segue cheia de inexplicáveis gratidões

Beijos molhados e eqüidistantes, contradições.

Desejos boicotados, protótipos, arquétipos

E reticências... muitas reticências.

 

 São portas que se abrem

Janelas que se fecham

Situações corriqueiras

Um grito. Absurdo!

Ninguém ouve. Ninguém vê.

Cegueira convencional.

 

O desencontro, o desencanto é natural.

Tudo um vasto engano

Engodo, que lodo!

Desatino na sacristia, rumores no campanário.

Desfez-se o pacto com a lógica

Amor insano, coerência lírica.

 

E na porta do circo

Gordas mariposas entediadas flanam...

E observam formigas trôpegas

Em pistas exclusivas

Vestidas de arroz com pequi,

Esperando a língua voraz do tamanduá.

Cancelo meus ingressos... Detesto insetos!

 

 

Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 27/11/2007
Reeditado em 05/05/2021
Código do texto: T754836
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