O peido de Argemiro
Ou por falta de vergonha
Ou por problema estomacal
O peido é sempre mal recebido
Independentemente do local
Seja na igreja ou no mercado
Chega sem ser convidado
Causando a maior confusão
Ninguém sabe de onde sai
Se tem mãe ou se tem pai
Se é de Maria ou de João
Lá no sitio conceição
Que ficava próximo da cidade
Estava na semana de festa
Da padroeira da localidade
Era todo mundo animado
Deixando o local organizado
Pra depois da celebração
Ter uma festa animada
Com cachaça e carne assada
E muita birita com limão
E Argemiro que era rapazinho
Neto da velha Ana Pachola
Doido pra arranjar uma namorada
Pois já se sentia um rapazola
Comprou um terno velho do pastor
Ganhou uns conga de um vereador
E um chapéu encardido de cor preta
Assim foi pra festa trajado
Mal sabia o pobre coitado
Que estava mais feio que o capeta
Assim que avistaram ele de longe
Trajado naquele estranho conjunto
Começou logo uma algazarra
Pois o confundiram com um defunto
Pensaram que era o caboclo Elizeu
Um cachaceiro velho que morreu
Já tinha umas duas semana
Mas reconheceram Argemiro
Que quase morre no tiro
De um disparo da velha Sebastiana
Argemiro meteu a cara na cana
Depois de ser recusado
Por uma distinta dama
Por quem era apaixonado
Ficou comendo tira gosto
Chorando de desgosto
Pelo não que recebeu
Era bode, tripa e galinha
Gordura de porco com farinha
E assim seu bucho adoeceu
Tentou correr, mas não deu
E parou no meio do pagode
O suor na testa escorreu
Imaginou logo a carne de bode
Tinha visto que estava estragada
Mas como a bicha estava assada
Comeu sem nem pensar
Agora com o bucho doendo
Queria sair dali correndo
Pra um barro derrear
E naquele imprensado
Sentiu uma vontade de peidar
Cruzou as pernas aperreado
Com o butico danado a apitar
Viu que não tinha mais jeito
Mas se fizesse o serviço direito
Só um vento sairia
Foi então relaxando
O butico foi soltando
E liberando a mercadoria
Foi uma bomba venenosa
Que estourou na multidão
A primeira foi uma idosa
Que sentiu a podridão
E num gesto de loucura
Se entalou com a dentadura
Quando tentava respirar
E um jovem meio sem jeito
Deu-lhe um tapa no peito
Pra dentadura se soltar
A confusão foi geral
Com muita gente correndo
Tinha novinho passando mal
E velhinho quase morrendo
A banda ligeira foi embora
Deu no pé na mesma hora
Que nem o dinheiro recebeu
Dando a festa por terminada
Meteram o pé na estrada
Com o sanfoneiro que adoeceu
Quando o mau cheiro passou
Estava feita a bagaceira
Pouca gente sobrou
Depois de toda a zoeira
E Argemiro pobre coitado
Estava todo cagado
Com seu problema estomacal
E se hoje alguém por pagode
Lhe oferecer carne de bode
Recebe dele um sampa de pau!!!!
16/06/2022