Soneto para um borrão de tinta
Há um borrão de tinta num papel
que mexe com meu tino de poeta.
Me lembra uma bunda indiscreta
dançando algum samba de Noel.
Uma bunda pintada a pincel,
com um toque maroto surreal,
e um talho profundo e abissal,
que divide ao meio um anel.
Vou contratar algum mata-borrão
(algum filho bastardo de Platão)
pra me dizer enfim que bunda é esta.
Se for dalguma musa tanajura,
vou colocar, em torno, uma moldura
e derramar a tinta que me resta.