Severino Quebra Galho
Vou contar uma história
De um trabalhador fino
De nome Severino
Que agora vem na memoria
Homem de mão calejada
De tanto pegar na inchada
Vivendo de todo tipo de trabalho
Sendo humilde e descente
Também muito competente
Chamado Severino quebra galho
Em serviço de construção
Severino era pedreiro
Passava o dia inteiro
Com uma colher na mão
Trabalhando sem trégua
Se esquecia do prumo e da régua
Pois de medição não entendia
Subindo uma parede torta
Com barro ele assentava a porta
E estava pronta a moradia
Na energia ele era desenrolado
Fazendo a melhor instalação
Com um saco plástico na mão
Isolava o fio desencapado
Se ia trocar uma tomada
Esquecia a chave ligada
E vez ou outra um choque levava
Mas pra uma instalação ligeira
Ou uma gambiarra de primeira
Era Severino quem o povo chamava
E lá vinha o quebra galho
Com sua mala na mão
Pronto pra qualquer situação
E qualquer tipo de trabalho
Parecia uma estranha criatura
Com um moi de chave na cintura
Nos bolsos parafuso e porca trazia
E para todo tipo de cliente
Fazia um serviço eficiente
Mas não dava garantia
Foi então num certo dia
Que ele recebeu um chamado
E saiu todo apressado
Pra uma rica moradia
Trocar uma luz queimada
De um poste da causada
Pois a noite ficava um breu
Mas não era seu dia de sorte
E por pouco escapou da morte
Ouça só o que aconteceu
Chegou com uma escada nas costas
E observou a situação
Com um alicate na mão
Instrumento que eletricista gosta
Viu dois fios se cruzando
Parou de ficar olhando
E começou na escada subir
Mal sabia Severino
Que quase batia o pino
Pois tudo que sobe tende a cair
Luvas Severino não tinha
Dizia que era coisa de gente mole
Ele não era João do fole
Era um comedor de farinha
Não tinha medo de nada
Mas ao chegar no topo da escada
Sentiu um calafrio
Foi triste para o coitado
Pois tinha um condutor desencapado
E Severino pegou no danado do fio
A descarga atravessou o corpo seu
Quase que Severino se vai
Ia chorar sua mãe e seu pai
Mas Severino esmoreceu
A descarga longe o jogou
Por finado ele ficou
Até o resgate chagar
E com novo choque foi revivendo
Severino não findou morrendo
Mas quase que ele chegava lá
Severino hoje é aposentado
Largou o tempo de aventura
Vive comendo rapadura
Com uma cachaça do lado
Suas ferramentas ele vendeu
E quem precisar de um serviço seu
Nem vá lhe procurar
Pois vive muito atarefado
Numa morena está sempre encostado
Pois trabalho bom é namorar
11/03/2022