Poema bêbedo para uma mosca morta
Drosófila, azul-amarelada,
de asa delicada e transparente,
caiu sobre o meu copo, de repente,
como chegasse ao fim sua jornada.
E veio simplesmente, assim, do nada,
trazida pelo chuva ou pelo vento,
e assim eternizar o vão momento
na mente, do poeta, embriagada.
Inerte, sob o copo entristecido,
não deu sequer um último zumbido,
antes de imergir num mar de vinho.
Meu tino de poeta, quase mudo,
inda que triste, apesar de tudo,
jamais esquecerá do salgadinho.