𝖡𝗋𝗂𝗇𝖼𝗈𝗌 𝖺𝗌𝗌𝖺𝗌𝗌𝗂𝗇𝗈𝗌
Hoje de manhã tomei um susto
A tarraxa entrou pelas orelhas
Eu não fiquei de luto
Nessa imensa baboseira
Tomei banho pra tirar catinga
Pulo feito jegue na água fria
Meu pai me acudiu nessa
Com ferramentas à cinderela
Minha orelha ficou fedida
Mas, eu não ando maltrapilha
Brincos assassinos
Corre fera, que é perigo!
Na minha orelha você não entra
Seu jumento, bandido!
Vai assassinar a tua mãe
Lá no retiro!
Porco fedido!
Arreganhou os meus ouvidos
Ou melhor, o buraco deles
Eu não tenho saco pra isso
Não sou homem pra ter saco
Mulher tem é ovário!
Para tirar do útero o salário
Comprar fralda pro neném
Sem Bolsa Família,
Não tenho um vintém
Estourou a bolsa do meu saco
Bolsa, estoura pelo ralo
Já disse que não sou menino
Hoje de manhã, eu tive que ser
Aguentar a pressão da tarraxa
Brincos assassinos
Uma bolacha nos meus ouvidos
Tinha cascão na tarraxa
Por isso eu fui me banhar
Fiz número dois no vaso
Um arraso! Um arraso!
Vi mil estrelas à voarem
Fiz força danada pra sair
Todo o prato que comi
Os brincos, tirei das orelhas
Brincos assassinos
E nem é sexta-feira
Sexta é dia de festa no salão
Vou pegar um cotonete
Enfiar no nariz sujo
Ops, nos ouvidos!
Ver se escuto melhor as fofocas
Não tem pressa, não tem hora
Sou fofoqueira!
Os brincos assassinos
Me fizeram arruaceira
Tá guardado numa caixa
Não num caixão!
Brincos assassinos fazem isso
Nos confundem até no cemitério
Vou abrir o caixão,
Pra ver se vejo um velho
Talvez, ele queira namorar
Um defunto na mesa pro jantar
Brincos assassinos
Não vá mais para meu buraco
Posso fazer um estardalhaço.
Karol Pisaro - Quinta-Feira - 18/11/2021 às 11h18min.