NOSSO INIMIGO SECRETO
Ele desceu apertado e amarrotado pela chaminé,
fantasiado de verde e com um longo gorro amarelo.
Em vez de botas, calçava um chinelo: "rachadinho".
Não, não era Papai Noel: tinha mau cheiro no fucinho.
No saco, nenhum presente, só algumas propinas
e mil balinhas reluzentes - calibres 9mm, 20 e 38 -,
que era pra todos atirarem na boca uns dos outros,
e depois os reanimarem com vacina de cloroquina.
Para os que brindavam na sala, desejou "Infeliz Festa"
e, mau humorado, enraivecido, partiu para o deserto
onde outrora, decerto, existiu uma imensa área florestal.
Aí, voou bem alto, assim que dobrou a esquina,
para se juntar às outras aves de rapina,
mas só depois de incendiar nossa Árvore de Natal.