TESOURO

TESOURO

Não quero temer a crença, maleita da fé,

doença que depaupera o ser

Não quero este medo que se alcança

quando a idade avança, enclausurando o viver

Não quero o deus bajulado dos que vivem apavorados

implorando seu perdão

Não quero o deus dos aflitos, nem o deus dos "inocentes":

- Não quero deuses doentes!

Meu Deus é divertido!

Rola de rir comigo, brinca de se esconder...

Faz caretas pras devotas...

Dá cambalhotas, se entorta...

Gargalha a mais não poder!

Não me deixa de joelhos, estica meu corpo inteiro,

chama à luz minha nobreza!

Dança em plena igreja, canta em qualquer altar...

Sopra a careca do padre... e espirra,

quando o incenso se torna denso

Na procissão se arrisca, passa no meio do povo...

Só as crianças O veem e correm pra Ele de novo!

É um Deus Supremo, Artista, Trapalhão, Moleque!

Agita a minha vida, confeita minhas feridas:

- Pede perdão pelas dores!...

Este Deus que me acompanha,

que vive em minhas entranhas,

que lê os meus pensamentos...

Confiou-me a Sua vida, pois, em mim Ele acredita

E eu guardei em segredo Sua Natureza Humana:

- Sua verdadeira Chama!

(Que é mais um de Seus brinquedos!)

dacosta
Enviado por dacosta em 05/11/2021
Reeditado em 08/11/2021
Código do texto: T7379116
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