NA FALTA DE TÚ
NA FALTA DE TÚ
Carlos Roberto Martins de Souza
Sabugo quem nunca usou
Para fazer sua assepsia
Quem nunca se borrou
Naquela triste alegoria
Aquela horinha sofrida
Da retaguarda querida
Daquela trancada maldita
Da triste hora desdita
No auge do sabugo
Companheiro da privada
Ele era sempre lembrado
Como herói camarada
Chegava a triste hora
Daquela limpeza profunda
O cara sabia de tudo
Que a gente tinha na bunda
Faltou sabugo no balaio
Recorreram ao jornal
O problema do danado
Foi logo revelado afinal
Na hora da sua tarefa
Deixava tudo lambuzado
O serviço não era completo
O jornal só deslizava no breado
Ele se sentia um luxo
Estar na porta de saída
Para receber solitário
As tropas que saiam do bucho
Limpeza que era boa
Ele só amenizava
Se usasse com muita força
O dedo no buraco vazava
O pobre coitado do dedo
Sentia o duro cheiro de perto
Não dava para esconder
Aquilo não era brinquedo
Via a coisa piscando
Fazendo aquele beicinho
Gemendo e fazendo força
Era um traste cagando
A tarefa ficava pela metade
O olho lia a notícia no vaso
Mantinha a bunda informada
Sabia de todo o tipo de caso
Se era a novela danada
Se era um caso de polícia
Quando saía da privada
Vinha na frente a malícia
Não dava para disfarçar
Atrás na cueca manchada
Reinava a mosquitada
Não adiantava despistar
O cheiro indisfarçável
Entregava o cagão
Com aquela cara de bobo
Era aquela decepção
A notícia foi passada prá trás
O jornal foi ao âmago ficou íntimo
Limpou o seu esgoto
De uma maneira sagaz
Sua intimidade revelada
Nas páginas do jornal
Numa relação afetiva
Com um bom camarada
Na falta de tú vai tú mesmo
Não é aquela beleza
Substituir o sabugo na privada
Não foi nenhuma gentileza