Cliente preferencial (reedição)
Aos meus sessenta anos de idade,
já pago meia entrada no cinema,
escrevo meio verso de um poema,
à espera que alguém leia a metade.
Já posso andar de graça na cidade,
no ônibus lotado, sem conforto...
já não preciso mais fingir de morto,
pois já sou quase morto de verdade.
Já posso furar fila, entrar na frente,
sob o olhar insano dessa gente
que espera a sua vez, impaciente...
Já posso, finalmente, ir ao banco,
trepar (sem dar vexame) nos tamancos
e rir da hipocrisia do gerente.
Aos meus sessenta anos de idade,
já pago meia entrada no cinema,
escrevo meio verso de um poema,
à espera que alguém leia a metade.
Já posso andar de graça na cidade,
no ônibus lotado, sem conforto...
já não preciso mais fingir de morto,
pois já sou quase morto de verdade.
Já posso furar fila, entrar na frente,
sob o olhar insano dessa gente
que espera a sua vez, impaciente...
Já posso, finalmente, ir ao banco,
trepar (sem dar vexame) nos tamancos
e rir da hipocrisia do gerente.