Franjinha

Ai que saudade

Minha careca faz festa

Ao lembrar

O suor que escorria pela testa

Para o vento era uma alegria

Sorria de minha cara todos os dias

Pela bagunça que fazia

Pente embaraçava

Pente puxava

Pente arrancava

Cachorro latia

A mulher reclamava

Mas nada desembaraçar

No relógio olhava

A hora não passava

Carro na rua buzinava

Meu pai no celular me chamava

Mais que peste de demora é esta

Raspa esse cabelo

E deixa uma franja na testa

Mas parecia por pirraça

Quanto mais puxava

O cabelo armava

Ameacei pegar a maquininha

Raspa sem deixar franjinha

Mas com muita briga

O cabelo ficou uma gracinha

O tempo foi chegando

Os meses foram passando

Os cabelos foram caindo durante os anos

O pente aposente

O vento não bagunça mais

O cachorro não late

A mulher não reclama

Além de tudo diz que me ama

Aquela que tanto ameacei

Hoje é minha amiga

Inseparável

A pequena maquininha

Mas ainda sonho com a franjinha.

Paulo pereira

paulopereiradeoliveira79@gmail.com

PAULO PEREIRA
Enviado por PAULO PEREIRA em 11/03/2021
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