Se eu vendesse gravatas
De sapato em sapato,
de meia em meia vida,
ora, para que tanta meia,
se nem uso sapato
e a vida não tem meia-volta,
tampouco meia-sola.
Eu uso chinelo,
uso calça e camisa,
também a cueca,
de paletó, quem precisa?
Saio de casa
com as gravatas no saco,
volto de tarde
com um saco de pão.
A gravata sem pescoço
eu vendo na esquina.
Meu pescoço sem gravata
apenas coço.