Mais que ladrão
Ele disse não!
Não era ladrão!
Era turista!
Entrava em algumas casas
Apenas para fazer visita.
Conversa mole!
Dizia o policial o empurrando.
Russé o quebrador que regras, subversivo, perigoso,
Divertido, alegre, o sonhador, o contista.
Sou muito trabalhador ele continuava falando.
E detalhava para seu público observador,
Cada uma de suas visitas.
Sua plateia: repórteres e policiais,
Riam-se de suas histórias e ideias
Que contava com calma aos poucos
Pois logo estaria solto.
Até o dia...
Ah o dia em que visitou Luzia!
Aí ele subiu de grau
Saiu da delegacia direto para o tribunal,
Sempre alegando:
“Eu juro que não queria!”
Ele falava e abria o sorriso
Os olhos brilhando feito diamantes.
“Mas se ela me pedisse para voltar, juro que voltaria!”
Até que condenado,
Não perdeu a alegria.
E saboreava contando e sempre incrementando
O sabor de sua última visita.
Deitava-se na cama,
Com as mãos trançadas sobre a barriga
Permanecia horas com sorriso aberto,
Olhando para o nada e suspirando...
Vez ou outra os colegas o escutavam resmungar:
Luzia vá me aguardando que já, já estou voltando!