DIFÍCIL DIZER QUE SIM
 
Passeava pelo Japão,
Me perdi bem em Pequim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.
 
A cobra que estava no chão
Passou a perna em mim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.
 
 
A cobra era um dragão
Feito de seda e de cetim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.
 
Encontrei meu meio-irmão
Com o “zói puxado” assim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.
 
Tirei as pedras do coração,
Apareceram pedras no rim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.
 
Andei por todo o Japão –
Esse país nunca tem fim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.
 
Pequim se foi de roldão
E um dia terá o seu fim.
Difícil dizer que sim;
Mais difícil é dizer que não.

 
Nota: São sete estrofes. Se tirarmos o estribilho, restam catorze versos, que são o tanto de um soneto.
Imagem de cabeçalho: “Moinho”, de Mauritus Cornelis Escher