"RIO CAPIBARIBE"

"RIO CAPIBARIBE"

"Pra cima do rio Capibaribe

Tem uma mata ciliar

Tão vasta e densa que ali não dá para pescar

Do lado direito da ponte

Que desemboca em Beberibe

Mora um homem, um ermitão

Que muitos o chamam de corno de gengibre...

Cornos de gengibre, é um mate, um chá de infusão

Feito para curar moças com aquelas doenças de mocinhas

E também dores crônicas e constipação

O nome deste ermitão, aqui eu não digo não

Pra não ficar falado, com efeito

Mas também, que diacho

Se for dito, deixará de ser ermitão

Ele, apesar de ser recluso, ajuda todos os que por ali passar

Seja com um naco de uma doce rapadura

Ou com a cura de alguma doença, apenas com o seu triste olhar

Muitas léguas distantes dali

Lá no alto de uma chapada, na Serra do Canastrão

Vive uma mulé, tão linda e bela

Que dizem, já foi sua consorte

E para a sorte das mocinhas e raparigas

Ela é também uma hábil curandeira e metida a tirar a sorte

O que se soube e tendo tido e havido

É que dona mulé se deitou com o finado seu vizinho

Que morreu de morte, morrida, não se sabe, ele não chegou a ver a sua sorte

Sorte essa de dona mulé, que foi madrasta e ingrata

Separando-a de seu querido, fazendo de seu macho, ex-marido

Ir viver lá no sertão, junto de cobras, bodes e cabras

E se deitando com todos os bichos que existem lá na mata...

Assim termina essa triste estória

Que ainda hoje dá o que falar

Pelo dito e não dito, não cabe a mim dizer

Sou apenas um seresteiro, que de cornos não quer saber..."

*Rio Capibaribe*

Julio Cesar Mauro

Julio Cesar Mauro
Enviado por Julio Cesar Mauro em 02/09/2020
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