Paranoia
Dos sentimentos em secreto
Diziam que era só acanhado
Desde sempre muito quieto
Dono de um olhar desconfiado
Mas quem ganhasse sua confiança
Ouviria suas lamentações
Seus sentimentos de insegurança
Suas teorias de conspirações
E ai que você olhasse assustado
Estaria classificado como suspeito
Considerado como provável infiltrado
Querendo saber o que não lhe diz respeito
Já preparava sua própria comida
Ele mesmo fazia o mercado
Vai que atentavam contra sua vida
Melhor ficar resguardado
Para o trabalho caminhos diferentes
Não queria criar um padrão
Mais difícil pegar quem é prudente
O planejamento do inimigo cairia por chão
Foi evitando a vida em sociedade
Não queria nada de exposição
Para segurança é essencial a privacidade
Começou a virar um ermitão
Familiares tentavam convencê-lo da loucura
E queriam que ele buscasse tratamento
Ela já os incluía na infraestrutura
Da grande dominação, um segmento
Foi se isolando de tal forma
Que desconfiava até de espelhos
A segurança era sua norma
Sempre alerta, o seu conselho
Saiu do emprego e foi morar no mato
Mas não pense que ele vivia tranquilo
Ele, que queria 100% de anonimato,
Via a paz acabar até avistando um esquilo
Por que o bichinho ficava olhando?
Por traz da curiosidade algum motivo?
Para qual sociedade secreta estaria trabalhando?
Qual seria seu objetivo?
Reconheceu que um pedido de ajuda
Talvez fosse para lá de necessário
Sua doença estava numa fase aguda
Talvez fosse ter com algum adversário
Sim, parece que não tinha escolha
Apesar de considerar os médicos falsários
Ele queria muito sair da sua bolha
Mas exigia atendimento só em determinado horário:
Teria que ser após o pôr do sol
Ele revelaria para o médico uma bomba
Que seria a primeira de um rol:
Andava meio desconfiado da própria sombra