Briga de Casal
Meu compade Vicente
Não lhe conto o que aconteceu
Foi lá no bar de seu Chico
Que um cacete ocorreu
Foi uma briga de casal
Que acabou com os dois no hospital
Só se via a poeira cobrindo
Numa briga tão violênta
Que um perdeu um pedaço da venta
E o outro com os dentes quase caindo
Compade esses dois chegaram no bar
Mais grudado que chicrete
Pediram uma mesa reseivada
E chamaram a garçonete
Foi dois litos de rum só de estreia
Imendaram com mais três litos de dreia
Um fardo de ceuveja gelada
Uma garrafa de cana
Com um tira gosto bacana
Que era tripa e carne assada
Se um bebia muito
O outro não ficava pra trás
Só se via garrafa secando
E a garçonete trazendo mais
Quem via não acreditava
Que o casal que ali estava
Já tinha bebido tudo aquilo
Era um moi de lito espaiado
E o casal conversando animado
Igualmente cantiga de grilo
Meu compade, até aqui tudo bem
Mas por força do tinhoso
A garçonete no vai e vem
Escorregou no chão seboso
No piso, a cara afunda
Ficando pra cima mei palmo de bunda
Nessa hora começou a confusão
A muié pegou o cabra olhando
Já foi da mesa levantando
E dando-lhe um safanão
Foi um tapa tão bem dado
Que o cabra saiu igual um pião
Saiu rodando atordoado
E prantou a bunda no chão
Ficou nervoso e irritado
Levantou-se bem do meu lado
Com os olhos da cor de brasa
Já embriagado de mé
Partiu pra cima da muié
Como um piru abrindo a asa
Nessa hora meu compade
Não pensei duas vez não
Fui pro mei do casal
Pra acabar a confusão
Mas a muié envenenada
Acertou-me uma chapuletada
Enrriba do meu ouvido
Que sai tombando de mesa em mesa
E eu ti digo com toda certeza
Fiquei umas duas horas no chão estendido
Pra findar a história meu compade
Pois o resto nem vi nem sei
Fiquei sabendo pelos outros
Já depois que me acordei
É de que o casal
Já não está mais de mal
Já voltaram a ficar de bem
Enquanto eu aprendi a lição
Não me meto mais em confusão
Pra apartar briga de ninguém