Por esses tempos ruins, estou ficando em desuso
Não estou sujo, mas me sinto esquecido e largado
Atirado por aqui e por aí,  num canto escuro
Caído no quintal, sobre uma cerca ou muro
É duro, não ser por você mais lembrado!
 
Eu era aquele, que de bom coração te recebia
Respeito, educação e simpatia era meu nome
Representava e falava por toda família
Desde os avós, dos netos, filhos e filhas
Da casa, do lar, da mulher e do homem!
 
Nem me importava, fosse o meu feitio
Um pano fino requintado ou modesto
De repente alguém á porta, alguém atendeu e abriu
O filho grita contente,  mamãe é a titia e o titio
E ela admirada diz:  “Ué” comadre, cadê o resto?
 
Sou na entrada, quem faz todas as honrarias
Recebo todo mundo bem, sem sequer ganhar nada
Me incumbiram me delimitar, ficar pelas cercanias
Não raro me enlameiam  com várias porcarias
E você aí nunca, nunca me convidas entrar na tua casa!
 
Pelo tempo que voa e que nunca para, me desfaço
Vou me acabando, ficando todo esgualepado
Vão me amarrando, me enchendo de nós e de laços
Vou morrendo de vez, um verdadeiro farrapo
Esquecem que posso ser útil, depois de ser alinhavado!
 
Estou ali presente na casinha mais singela
Estarei lá, tantos nos prédios mais altos ou baixos
Posso ter estampas de várias, das flores mais belas
Azuis, verdes, vermelhas, laranjas ou amarelas
Sou seu serviçal! O sou seu resiliente, CAPACHO!

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SERRA GERAL
Enviado por SERRA GERAL em 11/05/2020
Reeditado em 24/04/2021
Código do texto: T6944529
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