QUANDO EU ME FOR
(Sócrates Di Lima)
Quando eu me for,
Não quero nem ver,
Não me levem pra eu chorar, por favor,
Quero ficar quietinho, mas prometo não correr!
Quero ir assim, como a madrugada,
na minha companhia, quero a Lua,
E quando a manhã estiver levantada,
Há que se ver a sombra dela na rua.
Quero sair de mim, assim, bem suave,
Como o vento calmo no deserto frio,
Como uma pétala de uma rosa, solta e leve,
Minh´alma seguindo como segue um rio.
Ah! Meu pai já foi pra pertinho de Deus,
Minha mãe, invejosa foi também,
Mas ainda é cedo, tenho os segredos meus,
E que meus Anjos, ouçam e digam Amém!
Ah! e quando já for passado,
E alguns já tenham chorado por mim,
Serei um ser esquecido e apagado,
Mas quero meu nome, numa importante Rua ou Jardim.
Mas, não quero em outro lugar,
nem numa grande Metrópolis,
quero no lugar que aprendi a amar,
É logo ali, em Jardinópolis!
Sempre fui um sujeito bom e festeiro,
A alegria sempre foi minha companheira,
Um razoável churrasqueiro,
Criei barriga cervejeira.
Mas, olha só uma coisa boa,
Posso partir feliz da vida,
Amei e não foi atoa,
Mesmo que alguém não era prometida.
Então, quando eu me for,
Cante, beba, festeja, faça um drink sem fim,
Saibam que sei de todo amor,
Que alguns de voces, tiveram por mim.
Mas, eu estou triste, e isto é sério,
Eu escolhi ser cremado,
Vai arder feito a queima do império,
Nem sei se serei das cinzas ressuscitado.
Mas olhe, preste bastante atenção,
Eu partirei como o vento sobre o trigo,
Numa tarde de solidão,
Mas estarei indo, para meu ultimo abrigo.
Vocês podem estar ai pensando,
- Esse cara metido a poeta, ta louco!
Ora, todo mundo está indo, passando,
Mas eu quero ficar, mais um pouco.
Quando eu me for, certo é,
Que atravessarei um novo portal,
O bom é que irei com fé,
Pultimode lá, não deve ter outro lugar igual.
E assim, quando eu me for,
E espero que não seja agora,
Não é medo, por favor!
Eu só quero ir, quando tiver que ir, embora!