Andanças

Por este interior de Minas

Conheci muitas meninas.

Pesquisei grandes causos

Chegando tarde e com atrasos.

Conheci o Senhor Vicente

Por muitas vezes no cabelo passa o pente.

Sujeito alto, forte e valente,

Dizia ser o pai do tenente.

Nas noites lindas, de lua cheia,

Saia descalço e sem meia.

Falou-me que no arraial, ao lado,

Muito longe, um bocado,

Tinha um belo casal.

Eram donos do grande cafezal.

Quando namoravam longe e escondido,

O namorado era considerado um bandido.

Para o povo ele era temido.

Da namorada, queria ser o marido.

Sentava o casal debaixo de uma árvore,

Sobre um banco de pedra mármore.

Conversavam quase que a noite toda.

Na época, era a moda.

Contava ele os casos amorosos

Com risos saborosos.

A aventura era o seu limite.

Era considerado da elite.

Um belo dia de lua cheia,

Onde se esgotou toda a sua ideia.

Ele não disse nada,

Somente olhava para a amada.

Ela não tinha nenhum papo

Receava ao lado, um sapo.

Os assuntos acabaram todos

Não falavam nada, nem mesmo dos modos

De descobrirem o amor.

Este, um terror.

O tempo foi passando

E a noite estava ficando.

Uma ideia surge para ela,

Sorriu e apagou a vela.

A luz forte da lua cheia,

No rosto, lhe cobriu como uma teia.

Levantou e disse com a voz meiga,

Tão suave como uma manteiga.

Amor, a lua hoje é cheia.

Sou linda e semelhante a uma sereia.

Hoje, meu amor, está bom para fazer o que?

Ele, rapidamente, respondeu sem saber o porquê.

Em voz alta e forte,

Que se ouvia além norte.

Olhando para cima e não vendo o urubu.

Disse: A noite está boa para caçar tatu.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 09/11/2019
Reeditado em 09/11/2019
Código do texto: T6791227
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