NO CAMINHO, COM O FOLGADO...
“Na primeira noite eles se aproximam/e roubam uma flor do nosso jardim./E não dizemos nada./Na segunda noite, já não se escondem:/pisam as flores,/matam nosso cão,/e não dizemos nada./Até que um dia,/o mais frágil deles/entra sozinho em nossa casa,/rouba-nos a luz, e,/conhecendo nosso medo,/arranca-nos a voz da garganta./E já não podemos dizer nada.”
Icônico poema de Eduardo A. da Costa - No caminho, com Maiakovski
~~~X~~~
NO CAMINHO, COM O FOLGADO...
Na primeira noite, ele se aproxima
e rouba um bife de nosso jantar.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se esconde:
põe o pé no sofá,
toma conta da nossa TV,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
sem qualquer cerimônia,
chega com nossa filha,
dorme na nossa casa, e,
sabendo que miséria pouca é bobagem,
acorda às duas da tarde!
E já não podemos dizer nada...