NO CAMINHO, COM O FOLGADO...

“Na primeira noite eles se aproximam/e roubam uma flor do nosso jardim./E não dizemos nada./Na segunda noite, já não se escondem:/pisam as flores,/matam nosso cão,/e não dizemos nada./Até que um dia,/o mais frágil deles/entra sozinho em nossa casa,/rouba-nos a luz, e,/conhecendo nosso medo,/arranca-nos a voz da garganta./E já não podemos dizer nada.”

Icônico poema de Eduardo A. da Costa - No caminho, com Maiakovski

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NO CAMINHO, COM O FOLGADO...

Na primeira noite, ele se aproxima

e rouba um bife de nosso jantar.

E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se esconde:

põe o pé no sofá,

toma conta da nossa TV,

e não dizemos nada.

Até que um dia,

sem qualquer cerimônia,

chega com nossa filha,

dorme na nossa casa, e,

sabendo que miséria pouca é bobagem,

acorda às duas da tarde!

E já não podemos dizer nada...

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 03/10/2019
Código do texto: T6760107
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