O ANOITECER DOS AMANTES
Francisco Alber Liberato
Demore mais um pouco
Não tenha tanta pressa
Quanto mais demorares
Mais acende o fogo irresistível da paixão
E aí quando a noite cair em meus braços deitarás
Aproveitarás com avidez e desejo
O anoitecer dos amantes
Pouquíssima luz, temperatura corporal agradável.
Terás a eternidade para ficar comigo
Embriagar-te-ás no bálsamo da libido
Terás o prazer do pecado sem culpa
Quando frente a frente estivermos
Olha profundamente nos meus olhos
Beija meus lábios úmidos
Morde o palato da minha boca
Entrelaça tua língua na minha língua
Mastiga levemente este peito suado
Abraça-me com delicadeza e ternura
Balbucia o que quiseres ao meu ouvido
Envolve-me dos pés à cabeça
Engole com ânsia o âmago do teu xodó
Afaga este coração dilacerado
Explora-me com volúpia e vontade
Deixa-me pálido, branco, anêmico.
Cobre-me por inteiro com teu instinto carnal
Instila neste corpo o veneno obsceno do apetite
Engole minha língua em movimentos suaves
Come minha úvula com ganância e gula
Lambe-me com sofreguidão ardente
Arrebata-me com impulso animalesco
Nutre-te deste corpo com carinho
Acaricia este rosto tumefacto
Devora-me lentamente
Devora-me sem nojo
Verme voraz.