O ANOITECER DOS AMANTES

Francisco Alber Liberato

Demore mais um pouco

Não tenha tanta pressa

Quanto mais demorares

Mais acende o fogo irresistível da paixão

E aí quando a noite cair em meus braços deitarás

Aproveitarás com avidez e desejo

O anoitecer dos amantes

Pouquíssima luz, temperatura corporal agradável.

Terás a eternidade para ficar comigo

Embriagar-te-ás no bálsamo da libido

Terás o prazer do pecado sem culpa

Quando frente a frente estivermos

Olha profundamente nos meus olhos

Beija meus lábios úmidos

Morde o palato da minha boca

Entrelaça tua língua na minha língua

Mastiga levemente este peito suado

Abraça-me com delicadeza e ternura

Balbucia o que quiseres ao meu ouvido

Envolve-me dos pés à cabeça

Engole com ânsia o âmago do teu xodó

Afaga este coração dilacerado

Explora-me com volúpia e vontade

Deixa-me pálido, branco, anêmico.

Cobre-me por inteiro com teu instinto carnal

Instila neste corpo o veneno obsceno do apetite

Engole minha língua em movimentos suaves

Come minha úvula com ganância e gula

Lambe-me com sofreguidão ardente

Arrebata-me com impulso animalesco

Nutre-te deste corpo com carinho

Acaricia este rosto tumefacto

Devora-me lentamente

Devora-me sem nojo

Verme voraz.

Alber Liberato Escritor
Enviado por Alber Liberato Escritor em 05/09/2019
Código do texto: T6738275
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.