CONFIDÊNCIA DE ESPERMATOZOIDE
Sou espectro,
Mas sem séquito... A pele lívida
Faz contraste
Às minhas dívidas,
Meu desbaste. Como vento,
Mas não movo...
Meu testamento ?
Socorro !
Ùltimo da fila,
Piada na vila,
Não serei primeiro,
Não sou interesseiro.
Nada sou, pois sem amor-
E olha que falo fluente
A língua dos anjos !-
Assim expio, no calor,
às chamas que se sente,
De inferno, sim, eu manjo...
Não me acuse de arengas.
Economizo até nos verbos.
Vivo numa eterna perrenga,
De credores fiz-me servo.
O vil metal,
Oval, espiral,
Olho de redemoinho,
Alvo duras trevas
E no escaninho,
Boletos, levas e levas!
No dever, no haver,
Arvoredos ditam enredos.
Nada há de entristecer,
Não mantenho olhos quedos
Espectros são fumaças,
Bafejos na vidraça...
Não me venha com "seu" Freud,
Sou erro de espermatozoide.