Milagres do Amor
Estou intrigado; perplexo à beça...
O amor é algum tipo de bruxaria?
Você não sai da minha cabeça,
Aprendi até a gostar de poesia.
O fel toma gosto de cereja.
Perco o medo de vespeiro.
Com você, caso na igreja,
Num templo ou em terreiro.
Viro devoto de Santo casamenteiro,
Ou de qualquer famigerado Orixá.
Paro de sorver vodka e cerveja,
E sigo bebendo apenas chá.
Deixo de ser mal-humorado,
Passo a rir à toa, feito idiota.
Previsível e nada complicado,
Deixo de ser bicheiro e agiota.
Por você, me torno idôneo,
Limpo meu espírito maculado.
Abro mão do que é errôneo,
Deixo de ser um descarado.
A simplicidade vira perícia,
Como a literatura de cordel.
Descarto toda minha malícia,
Paro de frequentar o bordel.
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Publicado no livro Arquipélago.