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"A CABRITINHA"

Coitadinho deste tal trovador,
Maldita seja tal empreiteira!
Me levaram-me fazendo favor,
Para a ilha chamada pederneira.

Empregado bobalhão e novato,
E precisando muito trabalhar,
Ordem que dessem para o pato
Deus me livre do pobre recusar.

E foi assim que me deixaram,
Lá cuidando do equipamento,
Ficar um mês eles mandaram,
Para vigiar um acampamento.

Junto das aves igual a bicho...
Que maldade, como que pode?
Agüentando alí por capricho,
Eu; Cinco cabritas e um bode.

Com dezenove anos de idade,
E virilidade na ponta do pavio,
Pra esculhambar a dignidade
Duas cabritas entraram no cio,

Não havia mais jeito de ignorar
Aquele quadro era só covardia,
O bode só sabia cheirar e bufar,
Comer que é bom ele não comia.

Tudo foi aos poucos me tesando
Eu já chorava mostrando sorriso,
Aquele bode cheirando e bufando
E eu com inveja perdendo o juízo.

As bichinhas com fogo na piriquita
Eu quase cedendo àquela tentação,
Namorava o cachimbinho da cabrita
E não nego, um dia eu passei a mão.

Mas eu pensava isto é um pecado,
Um homem não deve e não pode!
Aí eu corria e pulava no mar gelado,
E ficava doido de ciúmes do bode.

Ai não teve outro jeito e eu apelei,
Podem pensar que são brinquedos,
Mas enquanto fiquei sozinho na ilha
Eu me virei bem foi nos cinco dedos.

O patrão me encontrou maluco beleza,
Trataram da minha febre com dipirona.
Logo que sarei, pedi conta da empresa,
Adeus mar, sem porto fui morar na zona.

Isto é loucura e não deveria acontecer,
Quer mesmo saber? Fale quem quiser.
Pelo menos aqui na zona de meretrício,
Não tem cabritas, e não falta mulher.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 31/07/2019
Reeditado em 01/08/2019
Código do texto: T6709053
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