O Pombo - PARÓDIA DE O CORVO DE EDGAR ALLAN POE
Num meio-dia arretado
Eu que estava deitado
Num sofá todo rasgado pois ja não conserta mais
Quando quase ia pro sono
Senti beliscar, e como
Isso me causou incômodo tanto que eu disse: "ai"
Deve ser uma formiga que me mordeu logo atrás
É só isso... e nada mais
Esquecido não me faço
Foi perto do mês de Março
E o sono igual um laço prendendo os casuais
Sonhos que eu ja tivera
Posso aqui falar quimera
Porém o que acontecera nunca vi dias iguais
Provavelmente eu nunca vivi tais dias iguais
Quero bis? Nunca mais
Fui para o computador
Refúgio pro sofredor
No site do infojobs cacei outras vagas mais
Meu perfil ainda ridículo
Mesmo depois do currículo
Atualizado me sinto como um párea ante os demais
Sim, confesso, me sinto um párea perante os meus iguais
Mas iguaizinhos? Jamais
De repente meu ouvido
Ouviu que tinha caído
Meu celular num gemido de toque "por que vibrais?"
Animei-me quando a vista
Bateu de cara com a quista
Ligação pra uma entrevista marcada em horas tais
Sim, eu tenho uma entrevista marcada pra's horas tais
Roupa e calça? Sociais.
Tomei um banho de Lord
Eu fedia feito bode
Também pergunta se pode, preguiça que era demais?
No meu lugar se coloque
Sem emprego zero estoque
Confesso nem um reboque me arranca dos meus jornais
Fora meus jogos e o face com fakes e coisas tais
Mas tomar banho? Jamais
Após ficar bem cheiroso
Vesti-me bem cuidadoso
Currículo gorduroso deixei na bolsa do Brás
Sai de casa e entrei
No ônibus e notei
Quem disse que eu me lembrei do passe? Voltei pra trás
"Motorista, quando passa outro ônibus pro Brás?"
E respondeu: "nem tem mais"
Voltei pra casa correndo
Achei o bilhete e sendo
Assustado por sabendo das horas que assim voais
Subi correndo pro ponto
Passou um. Entrei de pronto
Mas eu que fui muito tonto não olhei seu cartaz
Percebi que eu pegara dos Intermunicipais?
"Quanto custa?" "Dez reais"
Depois de ficar falido
Sem nem um real comigo
Olhei no meu celular se estava longe demais
Não iria demorar
Mas comecei a falar:
"Oh bateria, te imploro! Suplico! Não desligais
Porque meu carregador meu irmão nunca me traz
Desligastes?... me lascais"
Agora sem aparelho
Suado em todo o pelo
Descendo me olhei no espelho de uma loja do Brás
Achei o local sagrado
Era um prédio requintado
Bonito e na fachada "Lojas Marabrás"
Eu me lembrei do Zezé dizendo palavras tais:
"Preço melhor? Ninguém faz"
Subi as escadarias
Que bom que ainda era dia
Mas na entrevista ardia desejo por ser dos tais
Que passassem na dinâmica
E na sala de cerâmica
Fosse de forma balsamica sem que eu sofresse mais
Era só passar em tudo que não ia sofrer mais
Desempregado? Não mais
De início deu tudo certo
A sala ficou deserto
E como eu fui esperto ganhei de todos os demais
Depois foi o cara a cara
E com experiência rara
Mostrei da forma mais clara os meus dons profissionais
Falei pra ela de todos os meus dons profissionais
Ela disse: "e o que mais?"
Disse: " ja fiz faculdade
Cursos com facilidade
Sei ter habilidade seja fala ou manuais
Agora estou parado
Um tempo desempregado
Mas sempre tenho buscado concursos estaduais
Quem sabe um dia passo naqueles meio banais"
Ela então disse: meu rapaz
Você tem o perfil certo
De forma que mora perto
Todos os outros seletos moravam longe demais
Aguarde pois tenho fato
E entrarei em contato
E eu ligando a vaga será sua, seu sagaz
Sendo você aprovado a vaga é sua, rapaz
Perguntei quando? "Aguardais"
Sai até sorridente
Com aquele terno quente
E no meio daquele gente soltei gritos triunfais
De repente em meio um tombo
Passava por mim um pombo
E de longe soltou um combo fezes todas mortais
Naquela roupa limpinha foram fezes tão mortais
E quem viu... riu demais
Voltei pra casa melado
Peguei um busão lotado
Estava todo suado e se isso fosse demais
Quem perto de mim ficava
De cara ja me estranhava
Então se distanciava com palavras triviais:
"Esse moço é mendigo e está fedendo demais"
Isso tudo... lá no Brás
Depois daquela labuta
E o pombo que é tão fajuto
Cagou de modo astuto que eu nao percebi jamais
Não foi sujeira espessa
Na roupa (que um dia eu esqueça)
O alvo foi na cabeça e la alojava demais
Toda a maior parte estava na cabeça do "sagaz"
Se eu percebi? Jamais
A semana foi aflita
Esperei a tão bendita
Ligação da moça bonita que me entrevistou la atrás
Passou-se uma semana
Duas e três... bacana
Só falta aquela sacana ter ligado pro's demais
Então tocou. Era ela dizendo das vagas tais:
E a minha??? "Não tem mais"
Agora estou em casa
A cabeça feito brasa
E vi no quintal a asa de uma ave sagaz
Quando vi tive o assombro
Era a pena do vil pombo
Como esse infeliz achou-me em minha casa em paz?
Descobri que se tratava de algo a tratar a mais
Você vai entender leitor voraz
Eu hoje virei funkeiro
Crio letras o tempo inteiro
E ganhei muito dinheiro com minhas canções legais
O pombo me ensinou
Que se algo não vingou
Basta imitar a ação que a ave me fez lá atrás
Bastava enfiar merda na cabeça dos demais
Você leu tudo? Tarde demais
Kkkkkkkkk