TRÊS TRISTES TRAGOS
I) O Invasor - DO TIETÊ AO TEJO
Sobre a ponte lá do Tejo
Viste alegre nosso puto !
Dele a vaca não vai ao brejo,
É nosso rebento, nosso fruto.
Lembra-te do batizado em Fátima ?
Ornei-me com o fato dos fatos;
Tu meteste xale, foste pátina,
Das que douram os retratos ...
De nosso quarto, em Lisboa,
Mira-se o porto de antigas caravelas:
Isto sei te entristece ouvir o fado.
Pois que eu cá, na Terra da Garoa,
Na padaria (Choro todas minhas mazelas),
Na qual atendo bichas de encher os bagos.
II) Os Trazidos - CANÇÃO DE TITICACA
Mimimi,fio de Iaiá não mama !
Tititi, se Ioiô bebe,
Mas quando Iaiá nana,
Ioiô pareci qui veve !
Do nenê de Iaiá, sô babá -
Pipi fais xixi, bumbum fais cocô...
Cuido bem do cricri Cacá :
Atotô Obaluaê, atotô!
Vi no capinzá quero-quero
Atacado pelo gato Pompom -
Pareci Ioiô quanu vein cum lero-lero,
Aperta meus peitu e dize "fonfom!"
As veis eu imito dança cancan;
Outras veis cuzinho o chuchu -
O coroné diza modi fazê tutu.
Eu fais purquê ele é bambambam.
As veis na roça tem bang-bang -
Este oba-oba tantã é mor vafafá,
Us causus são meia Yin e Yang:
Nhémnhémnhém do chocho xaxado maculelê Dadá !
III) Os Invadidos - D.R. LUSO-TUPI¹(ou POLICARPO VINGADO²)
Se você pretende ie-ain'- byk ³,
Minha alegria é ubixaba *!
Você está iké-á-bo ** em mo- ngyra *** !
Veja que aporombo-êgui-lekó-bo ****.
Sou o tymbara e você, mi- tyma,
Já que não quis nhemo-angai bar,
Tratei de mea-mo- ngy.
Você s'asy-poir ker e i-e-u "s-asy-bae"
Tive tataka mas orei a tupã.
Fica com tua îu-até-embó apynha !
NOTAS:
1)D.R. = discussão de relação;
2)alusão a romance de Lima Barreto, no qual Policarpo defendia tupi como idioma pátrio e caiu no ridículo e foi até morto;
3)Enforcar-se;
* Muito grande;
** Entrando;
*** Engordar;
****Estou ensinando;
Tymbira = sepulta (vb);
mi-tyma=sepultada;
nhemo-angaibar=Emagrecer;
amongy=adornar o corpo com plumas;
s'asy-poir-ker=deixou de dormir;
i-e-u "s-asy-bae= disse "a que sente dor";
tataka=rilhar de dentes;
Tupã=Deus;
îu-até-embó apynha= coroa d e espinho.