Poeta capitalista
Eu vi um poeta no trem da Central
Vendendo poesias a um real
Poesias lindas para se ler
Poesias feitas pra sobreviver
Ele as lia em pé no vagão
Muitos cansados sem dar atenção
Todos de olho no celular
Dedos dedilhando pra lá e pra cá
O poeta gingava e fazia refrão
Com rimas cambaleando em seu coração
O trem balançava a composição
Jogando o poeta e sua emoção
Baleiros doceiros canetas pipocas
Pentes canivetes giletes sorvetes
Cadernos chinelos salgados e flores
Coisas diversas e diversos sabores
O poeta lendo e relendo seguia
No olhar um brilho e no riso uma alegria
Era assim sua vida era assim o seu dia
Poeta capitalista na democracia