A DENTADURA lll
Cuma havia falado
É difente dimais
Os dentes que deus lhe dar
Pros dente que o homem fais
Pois aqueles que butei
Que lá inriba colei
Que foi caro pra danar
Cum tempo se disgastou
Ficou fêi mudou de cor
E cumeçou se sortar
Os dente que era bonito
Que butei im fortaleza
Cumeçou se disgastano
Se acabano a beleza
Ficaro torto e piqueno
E cum isso fui sabeno
Que outra vez minganaram
O material era rim
Se quebrou uns pedacim
E nunca mais imendaro
Muntas vezes discolava
E caia de repente
O pior que acertava
Nas hora inconveniente
Nas hora que tinha gente
E eu disfaçadamente
De pressa se arretirava
Se me perguntava tudo
Eu calava quiném mudo
E não respondeia nada
Vortei outra vez pra cola
Que antes tanto sufria
Quando eles discolava
Era a merma agonia
Colei munto mais de sete
Já usei até chiclete
Nas hora do aperrei
Adispois de mim raivar
Eu cumeçava falar
Coisa rim é ficar fei
Tinha que ir num dentista
Que nem direito colava
Butava uma massa branca
Cum pouco tempo arrancava
E era aquela jornada
Não valia era de nada
Não quebrava nem o gaio
Eu dizia mermo assim
Esses também são rim
E só me dão é trabaio
Essa história cumeçou
Quano ainda era piqueno
Parece que bala e doce
É pior do que veneno
Também falta de cuidado
E um dentista malvado
Que meus dente num tratou
Pois eu ia era limpar
Pra dispois abiturar
E ele foi e arrancou
Desse dia indiante
Num tive mais alegria
Pois se fosse os de trais
Era rim mais ninguém via
Mais cuma é os da frente
Aparece derrepente
Toda vez que abro a bouca
Por isso iscondo o sorriso
E é assim que eu vivo
Cum’ a alegria pouca
Mais já está nos meus prano
Mudar essa dentadura
Quero uma bem firme
Que morda até rapadura
mais aí fico pensano
E das outras me alembrano
Já mei discunfiado
Pois tem munta promessa
Mais num cai mais in cunvessa
Gato que é escaldado.
P. Matuta