A DENTADURA ll
Pobe é bicho conformado
Pois tem que acustumar
E eu continuei cum a chapra
Pois num pudia trocar
Certa vez inda me lembro
Lá por vorta de setembro
Quano meus pais num tava
Inventemo de brincar
E convidemo o pessoá
Prumode ir lá pra casa
Por vorta das nove hora
Quano a fome nos apela
Fui cumer uma goiaba
Que tava lá na tijela
Mas esqueci dos caroço
Que é duro igual osso
Ou um pedaço de pau
Na hora que eu murdi
Foi intão que eu sinti
E cumecei passar mal
È que os convidado
Já cumeçava chegar
Intão corri pro bãiero
Prumode o dente colar
Tremeno igual mola
Na hora de butar cola
O dente iscapoliu
Caiu dento da privada
Dislizou indisparada
E lá imbacho sumiu
Cossei a minha cabeça
Sem incontrar soluçao
Ai disse: nem que fêda
Mai vou meter a mão
Adispois que achar os dente
Eu arei cum detegente
Até tirar o fedou
Casei que fiquei cansado
Saí todo melado
E lá os dente ficou
Quano saí do bãiero
Já tinha muitos amigo
Aí me cumprimentaro
Mai eu só dei um gimido
Tive lá uma idéa
Fui pra uma casa véa
Onde não tinha muié
Disisperadamente
Cumecei fazer um dente
Do cabo duma cuié
Levei prego, martelo
Foice e roçadera
Duas cuié de cabo branco
Um gafo, cola e pexera
Cumecei a trabaiar
Apressado pra danar
Pra num perguntare pur mim
Eu já fiz muito cerviço
Mas um dente pustiço
Êta negoço rim
Adispois de duas hora
O suor chega pingava
Tinha feito uns dez dente
E nem um prestava
Aí foi que minfezei
E mais outro eu tentei
Até que esse foi aceito
Aí eu aparicí
E pros amigo surrí
Cum dente da cor de leite
Até que ficou bozim
Mai mermo assim repararo
Que o dente era mais branco
Isso todos notaro
Até mermo a namorada
Hoiô mea incabulada
Pois também discunfiou
O pur quê eu num sei
Mermo teno achado fei
Ela nada comentou
Cum tempo mim raivei
E viajei pra capitá
Prumode arrumar dim êro
Pra outo dente butar
Chegano lá o doutor
Na hora que arreparou
Também achou diferente
Pegou, incarcou
Mexeu, hoiô
E disse: ouxente!
Aí fui isplicar
Que eu mermo tinha feito
Ele me elogiou
Mermo butano defeito
Me mostrou lá uns dente
Desses mai recente
Que o cabouco nem sonha
Eu disse: num seja puriço
Quero um cerviço
Que num me faça vergonha
Aí mandei butar
Os mais caro que tinha
Daqueles que nunca tira
Nem pra dá uma escovadinha
Que fica apregado
Lá inrriba colado
Pra dizer são os seu
Pra casa contente fui
Mas nada subistitui
Aqueles que Deus lhe deu.
Poesia matuta